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Cartas ao director | Opinião

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Esticar mais a corda?

Observo com regularidade os mapas publicados pelo ISW (Institut for the Study of War) americano e Deep State (ucraniano). Aí verifico o muito lento avanço da Rússia no Donbass.

Sabemos que a Ucrânia está com graves problemas energéticos, falta de soldados, que já são caçados nas ruas de Kiev, e que agora também está a ser varrida da zona russa de Kursk, que invadiu em Agosto. Em resumo, a Ucrânia está a perder a guerra.

Esperar converter uma derrota em vitória sobre uma potência nuclear, supondo que a Rússia se deixaria derrotar sem esgotar todos os seus recursos, é uma completa imbecilidade. Na Europa, nunca estivemos tão perto dum desastre nuclear.

Olho agora com consternação para os meus netos mais novos; mereciam viver num mundo mais sensato. Continuamos a só ouvir os mesmos que também não acreditavam que Putin invadisse a Ucrânia… Vamos continuar a ver a corda a esticar, rezando para que nesses últimos dias o vento sopre sempre de sul?

José Cavalheiro, Matosinhos

A questão essencial

Qual é a questão essencial (Pacheco Pereira dixit) para nós, portugueses, e todos os europeus? Não é a novela do OE2025, não é o (erro do) IRS Jovem, a CPI das gémeas (quem?), a Lucília Gago (que está a arrumar a secretária para se reformar e, claro, não tem nada para dizer de relevante), os cinco ex-presos de Alcoentre, nada disso. São os problemas na UE com a França ingovernável e uma Alemanha desorientada com fábricas da VW a fechar e a querer fechar também as fronteiras para fazer alguma coisa na área em que a extrema-direita pró-nazi ataca e prolifera – a imigração. Em cima disto, vem o sr. Draghi dizer, em relatório público de há uns dias, que a UE está numa situação de crise (sic), que nos últimos cinco anos cresceu metade (!?) do que cresceram os EUA (sic), que a Europa está a desacelerar, que a produtividade está a diminuir. Um filme de terror. Há que cerrar fileiras em torno de (i) garantir o sucesso da economia europeia – e portuguesa, e (ii) garantir a boa resolução do problema da imigração. Também temos que olhar para o ambiente, claro, mas se falharmos na economia e imigração… Concentremo-nos todos nisto, Governo português incluído. Finalmente, sabemos qual é a questão essencial!

Fernando Vieira, Lisboa

Ai, se o ridículo matasse…

Ai… Se o ridículo matasse… a nossa AR teria constantemente que estar a renovar deputados!

Vem isto a propósito da recentemente imposta nova expressão “pessoas que menstruam”.

Para começo de conversa, menstruação é algo do foro íntimo, tão íntimo que assim se mantinha nos tempos em que as pessoas eram educadas e elegantes, e assim se deveria manter. Infelizmente, os tempos presentes estão dedicados à ignorância e grosseria a todos os níveis e, assim, vale tudo – até o profundo ridículo destas novas modas!

Ver José Miguel Júdice ter de dedicar uma crónica a explicar porque é que, numa determinada frase, achava que “seria mais correcto usar a palavra ‘mulher'” demonstra bem o nível de capacidade intelectual a que se desceu. Já agora, eu proporia mais uma mudança: que a batida expressão que titula este texto passe a “Que pena que o ridículo não mate!”.

Teresa Silva-Gayo, Lisboa

A escalada da guerra e a consciência social

Uma das questões mais importantes do período que o mundo atravessa decorre da persistência e grave dimensão das guerras que se travam e perduram em vários pontos cardeais. A maioria das consciências são moldadas pela informação mediática, segundo estereótipos cognitivo-emocionais, aquilo que metaforicamente se designa por “guerra psicológica”. A opinião pública tem importância. A mediatização da ideologia molda o subconsciente colectivo.

No entanto, estranhamente, persistem e afloram contradições entre as decisões dos poderes e a sociedade civil dos países. Esta não é consultada directamente, em referendo, para intervenções militares, logicamente não previstas nos programas de governo. A sociedade civil reagiu muito mais intensamente, em protestos massivos gerais, contra os alongados massacres de civis em Gaza do que em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. As alianças militares aumentam ou diminuem o risco de agravar conflitos bélicos? A escalada belicista, com armas perigosas, até onde pode ir? Será que a Ucrânia está na NATO de facto, embora não de direito? O interesse das elites governativas e militares reflecte a vontade das populações europeias na questão da guerra e da paz?

José Manuel Jara, Lisboa

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