As importações de petróleo bruto da Índia da Rússia — o maior mercado de origem de petróleo de Nova Déli — esfriaram sequencialmente em agosto em relação aos níveis quase recordes de julho, já que a demanda por petróleo evidentemente diminuiu na preparação para a temporada de manutenção da refinaria, de acordo com dados de rastreamento de navios e observadores da indústria. A disponibilidade relativamente menor de petróleo russo para o mercado de exportação também foi um fator provável.
Especialistas do mercado de petróleo esperam que as importações de petróleo da Índia — incluindo da Rússia — também sejam ligeiramente reduzidas em setembro devido a paradas para manutenção em algumas refinarias, antes de se recuperarem novamente em outubro, quando a capacidade de refino afetada retornar à atividade na temporada de festivais, que geralmente é marcada por alta demanda por combustível.
As importações de petróleo russo da Índia caíram 14,5 por cento — ou 0,31 milhões de barris por dia (bpd) — sequencialmente em agosto para 1,80 milhões de bpd, mas ainda foram responsáveis por impressionantes 39,9 por cento das importações totais de petróleo bruto de Nova Déli no mês, segundo dados provisórios de rastreamento de embarcações da empresa de análise de mercado de commodities Kpler. Notavelmente, as importações gerais de petróleo da Índia no mês também caíram em um volume semelhante — 0,32 milhões de bpd — para 4,52 milhões de bpd.
“Curiosamente, as exportações de petróleo da Rússia também caíram em 350.000 bpd… Portanto, há menos disponibilidade russa, menor consumo de petróleo bruto indiano e, em geral, menos movimentação (de petróleo)”, disse Viktor Katona, chefe de análise de petróleo bruto da Kpler.
“A temporada de pico de manutenção na Índia é setembro. Em novembro, as operações de refinaria voltariam à sua faixa normal de 5,4-5,5 milhões de bpd. As importações de setembro da Rússia também devem ser fracas. No entanto, a partir de outubro, elas começariam a subir novamente, também impulsionadas pela maior disponibilidade de petróleo bruto russo, já que a Rússia está pronta para passar por seu próprio período de turnarounds (atividades de manutenção de refinaria) nas próximas semanas”, disse Katona sobre a perspectiva de fornecimento para os próximos meses.
Quanto a outros fornecedores importantes, as importações de petróleo do Iraque — a segunda maior fonte de petróleo da Índia — aumentaram 6,7 por cento sequencialmente para 0,85 milhões de bpd. No entanto, o terceiro maior mercado de origem de petróleo de Nova Déli — a Arábia Saudita — registrou um declínio sequencial de 16,6 por cento nos volumes entregues à Índia em agosto, para 0,55 milhões de bpd.
O Iraque teve uma participação de mercado de 18,8 por cento na cesta de importação de petróleo da Índia em agosto, acima dos 16,5 por cento em julho. A participação de mercado da Rússia foi de 43,5 por cento em julho, 3,6 pontos percentuais acima de sua participação em agosto. A participação de mercado da Arábia Saudita contraiu para 12,2 por cento em agosto, de 13,7 por cento em julho.
“Os 550.000 bpd da Arábia Saudita estão 200.000-250.000 bpd abaixo da faixa média de compras do ano passado. Então, seria justo dizer que o apetite da Índia pelo petróleo da Arábia Saudita não voltou, mesmo depois que a importação de petróleo saudita atingiu uma baixa de 10 anos em junho”, disse Katona, acrescentando que o petróleo bruto da Arábia Saudita continua caro para as refinarias indianas em comparação ao petróleo da Rússia e até do Iraque. Por outro lado, o Iraque evidentemente consolidou ainda mais sua posição como o segundo maior fornecedor confiável da Índia, ampliando o abismo com a Arábia Saudita.
Antes da guerra na Ucrânia, o Iraque e a Arábia Saudita eram os dois maiores fornecedores de petróleo bruto para a Índia. Mas, à medida que o Ocidente começou a se afastar dos suprimentos de energia russos após a invasão da Ucrânia por Moscou em fevereiro de 2022, a Rússia começou a oferecer descontos em seu petróleo bruto e as refinarias indianas começaram a abocanhar os barris com desconto.
Urals, um petróleo bruto de acidez média, é o esteio das importações de petróleo russo da Índia. Em agosto, as refinarias indianas importaram cumulativamente 1,26 milhões de bpd de petróleo bruto Urals. Os volumes de importação de Urals da Índia para o mês representaram 70 por cento das importações totais de petróleo de Nova Déli de Moscou. Evidentemente, o diferencial de preço entre Urals e os tipos de petróleo bruto concorrentes dos fornecedores tradicionais da Ásia Ocidental da Índia foi significativo o suficiente para que as refinarias indianas preferissem o tipo russo.
Como o terceiro maior consumidor mundial de petróleo bruto com um alto nível de dependência de importação de mais de 85 por cento, a Índia é extremamente sensível aos preços do petróleo. Embora fontes comerciais tenham indicado que os descontos no petróleo bruto russo diminuíram ao longo do tempo, as refinarias indianas evidentemente permaneceram interessadas em comprar petróleo russo, pois, dados os altos volumes de importação, mesmo níveis de desconto mais baixos levam a economias significativas.
