As Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, lançaram um “grande ataque aéreo com mísseis” contra Telavive, no domingo. É a primeira investida do Hamas sobre Israel nos últimos quatro meses e fez soar as as sirenes no centro da cidade para alertar para a possibilidade da queda de projécteis militares.
Num comunicado publicado no seu canal Telegram no domingo, as Brigadas al-Qassam admitiram a autoria do ataque e afirmaram que lançaram mísseis em resposta ao que chamaram “massacres sionistas contra civis”. A televisão do Hamas, o canal Al-Aqsa, disse que os projécteis foram lançados a partir da Faixa de Gaza.
Os serviços de emergência médica israelitas afirmaram não ter recebido qualquer informação sobre vítimas causadas directamente pela queda de foguetes ou mísseis, mas duas mulheres ficaram feridas por terem caído ao correrem para os abrigos.
De acordo com as Forças de Defesa de Israel, os sistemas de defesa aérea funcionaram e identificaram oito foguetesa maioria dos quais terá sido abatido pela Cúpula de Ferro — a defesa antia-aérea daquele país.
Alguns vídeos que estão a circular nas redes sociais da imprensa local parecem mostrar uma cratera na cidade de Kfar Saba, mas a veracidade dos relatos ainda não foi confirmada pelas autoridades. Outras imagens indicam que uma casa pode ter sido danificada pela queda de uma parte de um míssil na cidade de Herzliya.
De acordo com as autoridades israelitas, o ataque aéreo teve origem em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, para onde as forças israelitas estão a avançar desde que adensaram a guerra na Palestina após o ataque do Hamas nas comunidades fronteiriças de Israel em Outubro do ano passado.
Telavive foi palco de protestos anti-governamentais ao longo do último sábado, com milhares de pessoas a exigir ao Governo um esforço maior para a libertação dos reféns levados pelo Hamas no início da escalada do conflito. Alguns dos manifestantes levavam cartazes com fotografias de mulheres levadas pelo grupo islamista, outros exigiam a demissão de Benjamin Netanyahu. Sete pessoas foram detidas durante o protesto, onde se chegaram a registar momentos de tensão entre os manifestantes e a polícia.
Ajuda humanitária em Kerem Shalom para entrar em Gaza
A investida do Hamas na cidade israelita acontece numa altura em que cerca de 200 camiões com ajuda humanitária, incluindo quatro deles com combustível, devem entrar em Gaza ainda este domingo através do posto fronteiriço de Kerem Shalom, disse à Reuters o director da Sociedade do Crescente Vermelho Egípcio no Norte do Sinai, Khaled Zayed.
A televisão estatal egípcia Al-Qahera News TV partilhou um vídeo no X que parece mostrar os camiões de ajuda quando se aproximavam da fronteira, à espera de luz verde para a atravessar.
O posto fronteiriço de Rafah, que era o principal ponto de entrada em Gaza para a ajuda humanitária e para outros fornecimentos comerciais, está encerrado há quase três semanas, desde que Israel assumiu o controlo do lado palestiniano do posto, ao intensificar a sua ofensiva militar na zona, a 6 de Maio. Alguns produtos alimentares destinados a Gaza começaram a apodrecer por terem sido bloqueados na passagem de Rafah.
A 24 de Maio, o Egipto e os Estados Unidos acordaram em enviar ajuda através da passagem israelita de Kerem Shalom até que sejam tomadas medidas legais para reabrir Rafah do lado palestiniano, informou a Presidência egípcia. O acordo surge numa altura em que a fome se intensifica em Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas.