Confirmam-se as suspeitas: Alessandro Michele será o novo director criativo da Valentino. O anúncio foi feito pela marca italiana nesta quinta-feira, adiantando que o primeiro desfile com assinatura do criador está agendado para Setembro, na Semana da Moda de Paris. “Sinto imensa alegria e enorme responsabilidade em entrar numa casa de alta-costura que gravou a palavra beleza na história colectiva”, celebra Michele, em comunicado partilhado no Instagram.

Alessandro Michele ocupa o lugar deixado por Pierpaolo Piccioli, que anunciou a sua saída na semana passada, depois de 25 anos na Valentino. Então a imprensa especialista em moda começou a especular que seria Michele a assumir a posição, o que se veio a confirmar. O criador de 51 anos deixou a Gucci em Novembro de 2022 e não esteve ligado a nenhuma casa de moda no último ano.

Durante o último ano, chegou a noticiar-se que Michele iria ocupar uma posição na LVMH, grupo rival da Kering, dona da Gucci. Mas é agora contratado pelo fundo de investimento Mayhoola do Qatar, que controla marcas como a Valentino e a Balmain. “O meu agradecimento ilimitado a Jacopo Venturini [presidente da Valentino]. Não é apenas um profissional extraordinário, capaz de combinar pragmatismo com capacidade estratégica e sensibilidade. É, acima de tudo, um homem capaz de se apaixonar diariamente pela vida”, elogia Michele.


“Esta nomeação marca o início de uma nova jornada para continuar a fazer brilhar os valores únicos da marca, o seu património e os códigos de alta-costura no mundo através da perspectiva única e da riqueza de experiência de Alessandro Michele”, celebra, por sua vez, a Valentino.

É também dos códigos da marca que fala o criador, que confessa ter sido inspirado pelos fundadores da casaValentino Garavani e Giancarlo Giammetti, na paixão pela moda. “Hoje, procuro palavras para nomear a alegria, para a considerar, para transmitir realmente o que sinto: os sorrisos que saltam do peito, a felicidade da gratidão que ilumina os olhos, aquele momento precioso em que a necessidade e a beleza se estendem e se encontram”, termina o designer, que entra em funções oficialmente a 2 de Abril.

Michele fez carreira na Gucci ao longo de mais 20 anos (esteve sete anos enquanto director criativo), dando-lhe uma nova dimensão criativa, mas também financeira ─ a mesma expectativa que agora se estende à Valentino. Os últimos dados financeiros da marca, de 2022, assinalam 1,42 mil milhões de euros em lucros.

No ano passado, a casa italiana passou a ser também propriedade do conglomerado francês Kering. O grupo de François-Henri Pinault comprou 30% do negócio por 1,7 mil milhões de euros, assinando um acordo a determinar que pretende comprar 100% da casa até 2028. Para já, a Valentino anunciou que não realizará os desfiles de alta-costura e moda masculina, em Junho.

Resta saber se Michele irá continuar o legado de Piccioli, que renovou a imagem da clássica marca de Roma, fundada em 1960, com embaixadoras como Florence Pugh ou Zendaya. Graças a ele, o cor-de-rosa tornou-se o novo apanágio, mas também estendeu as colecções a uma dimensão mais urbana, mantendo a minúcia do trabalho artesanal de alta-costura.

Já Alessandro Michele não é um criador consensual. Se alguns elogiavam a disrupção que criou na Gucci ─ quem não se lembra do desfile com mais 60 pares de gémeos ─ , levando a marca para uma estética maximalista; outros queixavam-se da sua obsessão pelos símbolos e logótipos, uma estratégia pouco criativa, mas com sucesso comercial. Na Valentino, a abordagem poderá ser diferente, mas só em Setembro haverá resposta.



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