A agência de notação financeira Moody’s cortou a avaliação de crédito da Altice France de B3 para Caa2, ficando apenas três degraus acima da notação “C”, que classifica as empresas em incumprimento e cuja dívida apresenta baixas perspetivas de recuperação.

A notação de Caa2 atribuída na quarta-feira, 28 de março, à subsidiária da Altice para o negócio francês refere-se a empresas cujas obrigações “estão sujeitas a crédito de risco muito alto”, segundo a tabela classificativa da Moody’s.

De acordo com a Bloomberga empresa que detém os ativos franceses da Altice viu a sua avaliação revista em baixa após ter anunciado que esperava menos receitas no futuro. E apelou aos credores que participassem em “transações a desconto”, ofertas que visam reduzir o endividamento da empresa com penalizações para os obrigacionistas.

Segundo a Moody’s, a dívida da Altice France é demasiado alta e o fluxo de caixa baixo, tornando a estrutura de capital da empresa insustentável num contexto de taxas de juro altas. A agência, citada pela Bloomberg, considera que a probabilidade de incumprimento da Altice France aumentou.

A Altice (dona da Altice Portugal, proprietária da Meo) está neste momento a lidar com ataques em duas grandes frentes: a dos credores, cientes de que a elevada dívida da empresa liderada por Patrick Drahi não é sustentável; e da justiça. As autoridades francesas pegaram no fio da investigação que começou em Portugal (e que levou à detenção de antigos elementos-chave da Altice, como o português Armando Pereira), e estão a averiguar alegados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Para reduzir a dívida, a Altice está em processo de venda de alguns dos seus ativos, incluindo o negócio português (um dos mais rentáveis do grupo, tendo tido receitas de 2,9 mil milhões de euros em 2023), neste momento com três potenciais interessados na aquisição.

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