Em Portugal há 259 mil explorações agrícolas, mas são as de grande dimensão (3,6%) que geram 60% do valor de produção. Continuar a “otimizar” as boas explorações é importante, mas não se pode “abandonar todas as outras”, disse Firmino Cordeiro, diretor-executivo da AJAP. Manter a competitividade implica união, porque é “em conjunto que se trabalha melhor”, acrescentou José Diogo Albuquerque. Para o engenheiro e ex-secretário de Estado da Agricultura, os números mostram falta de “espírito cooperativo”, razão pela qual “Portugal está muito atrás da média da União Europeia na concentração de produção” através de organizações de produtores.

Na hortifruticultura, por exemplo, a média europeia de produção comercializada através de organizações é de 50%, em Portugal é de “apenas 17%”. Mas se há vantagens na união dos pequenos produtores, como ganhar “peso negocial” junto dos distribuidores e criar economias de escala que permitem “racionar os custos”, também há um lado menos atrativo. Quando as organizações não dão “benefício ao agricultor em termos de preço para a venda em conjunto”, estes são tentados a entrar individualmente no mercado e cria-se “uma pescadinha de rabo na boca”.

Os elevados custos de produção também aumentam o fosso entre pequenas e grandes explorações, pelo que toda a população deve fazer “a opção patriótica” de comprar produtos portugueses, referiu Maria Castelo Branco. No entanto, reforçou a analista política, o “sacrifício” não pode ser só da população, as políticas “têm de ser do Estado”.

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