A agência da ONU que lida com refugiados palestinianos (UNRWA) apresentou esta terça-feira um relatório em que acusa as autoridades de Israel de deter e torturar várias pessoas junto à fronteira de Karem Abu Salem, que separa Gaza, Israel e o Egipto.

Desde 4 de abril, diz a UNRWA, Israel já libertou 1506 detidos, incluindo 43 crianças e 84 mulheres. Os relatos dos sobreviventes apontam para violações dos direitos humanos cometidos por Israel.

Kibutz Nir Oz, atacado pelo Hamas em 7 de outubro

Dan Kitwood/Getty Images

Guerra no Médio Oriente

“Estas violações incluem pessoas a ser agredidas enquanto eram forçadas a deitar-se num colchão fino por cima de destroços durante horas, sem acesso a comida, água ou casa-de-banho, e com as pernas e braços presos com sacos de plástico”, sublinha o relatório.

Vários palestinianos contaram que foram forçados a entrar em jaulas, para de seguida serem atacados por cães. “Alguns detidos, incluindo uma criança, tinham marcas de mordidelas de cão no corpo”não uma UNRWA.

Além disso, os cidadãos palestinianos foram ameaçados de morte – tal como os seus familiares – se não revelassem informação que as autoridades israelitas considerassem relevante.

Ao mesmo tempo, Israel continua a bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza: “Desde o início de abril, uma média de 181 camiões carregados com ajuda entraram em Gaza. Este número continua a ser muito inferior à capacidade operacional e ao objetivo de 500 camiões por dia”, declarou a agência especializada da ONU em comunicado.

Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros israelita

Piscina

Guerra no Médio Oriente

Itália oferece tropas para missão de paz

Caso seja criado um Estado palestiniano reconhecido pela comunidade internacional, a Itália está disposta a enviar tropas para a Palestina como parte de uma missão de manutenção da paz, disse esta terça-feira o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano. “O Governo italiano está fortemente empenhado na paz”, garantiu Antonio Tajani.

“Somos amigos de Israel, mas queremos trabalhar para a paz, incluindo através do possível envio de tropas se for criado um Estado palestiniano, juntamente com forças de outros países”, afirmou, apelando à contenção de Israel na resposta ao Irão. “Espero que não haja uma escalada”, disse Tajani.

“Agora temos de evitar que o conflito se alargue, porque não temos apenas tensões em Gaza, mas também no Mar Vermelho”, defendeu.

Anadolu via Getty Images

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Ao mesmo tempo, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha viajou hoje para Israel com o objetivo de “evitar uma nova escalada” na região. Segundo Annalena Baerbock, a União Europeia tem de aplicar novas sanções contra empresas que contribuem para o fabrico dos drones iranianos, que atacaram Israel este fim-de-semana.

“No final do outono, pedi à França e a outros parceiros da UE para que este regime de sanções aos ‘drones’ fosse alargado a novos tipos de equipamento utilizados por Teerão e pelos seus aliados”, disse a ministra alemã.

“Espero que finalmente possamos dar este passo juntos como UE”, acrescentou Baerbock.

Em Teerão, uma iraniana passa junto a um mural de mísseis com o símbolo da República Islâmica

ATTA KENARE/AFP/Getty Images

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Outras notícias

> A UNRWA também anunciou que encontrou bombas não deflagradas em várias escolas de Khan Younès, sul da Faixa de Gaza, que até recentemente esteve ocupada por tropas israelitas. O peso total dos explosivos ultrapassa os 450kg.

> Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 reúnem-se entre quarta e sexta-feira na ilha italiana de Capri para discutir as tensões no Médio Oriente, sendo previsível que abordem sanções ao Irão, na sequência do recente ataque a Israel. O Conselho Europeu também vai reunir-se, esperando-se uma posição de “condenação” ao ataque iraniano.

> Após o assassinato de quatro palestininanos, incluindo uma criança, por colonos israelitas na Cisjordânida ocupada este fim-de-semana, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) exigiu que as forças de Telavive parem de participar e apoiar ataques no território. Na Cisjordânia ocupada, pelo menos 468 palestinianos foram mortos por soldados ou colonos israelitas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. Cerca de 490 mil israelitas residem nos colonatos, ilegais ao abrigo do direito internacional.

> Pelo menos oito mesquitas foram atacadas em Gaza pelas forças de Israel durante as festividades do final do Ramadão na semana passada. Desde o início do conflito, pelo menos 534 mesquitas foram destruídas ou danificadas em Gaza, apesar de serem locais protegidos pelo direito internacional em tempos de guerra.

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