Tudo aconteceu na cave da Livraria Espaço há uns bons anos, ainda nos tempos da ditadura no mesmo espaço em que Elsa Cordeiro, agora com 60 anos, nos conta a história. Estava com a sua mãe, a dona do estabelecimento na altura, atrás do balcão e reparou num homem de fato e chapéu a levar uma pilha enorme de livros sem pagar. “Agarrou neles e foi-se embora. Então perguntei à minha mãe: ‘Leva os livros e não paga?!’”, recorda. A mãe nem lhe terá dito nada e estava com as mãos num pesado desenrolador de fita-cola, a tremer – não que estivesse com medo, mas estava com vontade de atirar o objecto àquele agente da PIDE/DGS. “Era uma mulher brava”, lembra. Teve de ser o pai, mais calmo, a encaminhar o censor para fora do estabelecimento, dizendo: “Meu amigo, vamos, vamos.”

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