Apesar de oscilarem em queda na maior parte do dia, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) viraram no final e fecharam a terça-feira em leve alta no Brasil, em meio à queda contida dos rendimentos dos Treasuries no exterior e à continuação do movimento de ajuste de preços visto nas sessões anteriores.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,3%, ante 10,298% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,5%, ante 10,491% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,81%, ante 10,792%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,085%, ante 11,066%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,47%, ante 11,468%.

Após a disparada das taxas futuras nas duas semanas anteriores, com a expectativa de que o Federal Reserve vai adiar seu corte de juros e com a piora da percepção de risco fiscal no Brasil, os investidores passaram a ajustar posições nas sessões mais recentes, o que tem dado certo alívio à curva a termo.

Nesta terça-feira alguns dados sobre a economia norte-americana ajudaram a aliviar a curva de juros dos EUA, o que também se refletiu no Brasil durante a maior parte da sessão.

A S&P Global informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto de produção dos EUA, que acompanha os setores de manufatura e serviços, caiu de 52,1 em março para 50,9 em abril. Uma leitura acima de 50 indica expansão no setor privado.

O setor de manufatura entrou em território de contração, com o PMI preliminar caindo de 51,9 para 49,9. Já o índice de serviços recuou de 51,7 para 50,9 em abril. A fraqueza dos dados permitiu a retirada de prêmios na curva norte-americana e brasileira durante boa parte do dia.

“De certa forma, temos hoje (terça-feira) mais um ajuste técnico (na curva de juros). O mercado deu uma puxada muito forte na semana passada, precificando o pior cenário possível para juros, e agora a curva se ajusta um pouco”, comentou durante a tarde Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, quando as taxas dos DIs ainda exibiam leves baixas no Brasil.

Segundo ele, o fechamento da curva brasileira nos últimos dias já permitiu que as taxas dos DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2026 se aproximassem de um “alvo de curto prazo”, embora ele veja “espaço para testar a região dos 10% ou até um pouco abaixo disso”.

“Os Treasuries de dez anos também deram uma boa puxada na semana passada, mas agora houve uma estabilizada. Ainda assim, é pouco provável que ele rode por tanto tempo numa taxa tão restritiva como a atual, acima de 4,50%”, acrescentou Lourenço.

Internamente, as notícias desta terça-feira não impactaram negativamente a curva. A arrecadação federal teve alta real de 7,22% em março ante o mesmo mês do ano anterior, para 190,611 bilhões de reais, conforme a Receita Federal, marcando o melhor desempenho da série histórica iniciada em 1995. No acumulado do primeiro trimestre, a arrecadação teve alta real de 8,36%, para 657,769 bilhões de reais, também um recorde da série para o período.

Já o texto da regulamentação da reforma tributária já foi aprovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, está em fase de preparação para envio ao Congresso.

Apesar do relativo alívio nos últimos dias e em boa parte da sessão desta terça-feira, as taxas dos DIs viraram para o positivo na reta final de negócios, em sintonia com certa recuperação dos yields nos EUA.

Perto do fechamento desta terça-feira a precificação estava em 87% para corte de 25 pontos-base da Selic em maio e 13% para corte de 50 pontos-base. Em comunicações anteriores, antes da piora do cenário, o BC havia estabelecido um forward guidance de corte de 50 pontos-base no próximo encontro. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

No relatório Focus divulgado pela manhã, o mercado alterou de 9,13% para 9,50% a projeção para a Selic no fim de 2024 e de 8,50% para 9,00% a expectativa para o fim de 2025.

Nos EUA os yields seguiam em baixa — apesar de contida — no fim da tarde. Os dados implícitos dos Fed Funds precificavam probabilidade majoritária de corte de juros apenas em setembro (72,8% de chance), conforme a ferramenta CME FedWatch.

Às 16h44, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 2 pontos-base, a 4,603%.

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