O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, juntamente com o antigo primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki, estão a traçar uma estratégia para uma remodelação do poder no Parlamento Europeu. Esta medida surge em preparação para as próximas eleições na UE, em Junho, com o objectivo de ganhar vantagem no próximo mandato através de uma aliança de direita redefinida.

O partido de Orban, Fidesz, que deixou o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, em 2021, está a considerar várias facções com as quais se alinhar.

Isto poderia envolver a adesão ao grupo nacional-conservador dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), ao grupo de extrema-direita Identidade e Democracia (ID), ou possivelmente a formação de um novo grupo.

“Temos muitas opções”, disse Balazs Orban, diretor político de Viktor Orban. “Precisamos de criar um ambiente onde as forças conservadoras nacionais também sejam muito mais ouvidas no palco europeu”, acrescentou, destacando a necessidade de uma voz conservadora mais forte no Parlamento Europeu.

A remodelação visa criar uma força contrária formidável aos partidos “federalistas” após a saída do Reino Unido da UE.

Para que Orban se alinhe com sucesso com o ECR, terá de obter o apoio de Mateusz Morawiecki e da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que desempenha um papel fundamental no equilíbrio da direita. Morawiecki manifestou vontade de trabalhar com o Fidesz, indicando que o grupo ECR poderia crescer através da inclusão de outros partidos como o Fidesz.

No entanto, existem reservas entre alguns membros do ECR em relação ao Fidesz, principalmente devido a opiniões divergentes sobre a Ucrânia e outras questões.

“Todos os membros do ECR devem estar envolvidos nesta decisão”, observou Morawiecki, enfatizando que qualquer expansão exigiria consenso entre os actuais membros.

O Rassemblement National de Marine Le Pen, parte do grupo de extrema-direita ID, é outro factor-chave na estratégia de remodelação.

Embora Morawiecki apoie a colaboração com Le Pen, rejeitou a ideia de uma fusão completa entre ECR e ID devido a diferenças nas posições políticas, particularmente em relação à Ucrânia.

No entanto, destacou a influência potencial de Le Pen no Parlamento Europeu, sugerindo que a sua possível eleição como o próximo presidente francês poderia mudar a dinâmica da política de direita na UE.

Balazs Orban fez eco deste sentimento, indicando que o Fidesz está aberto a colaborar com Le Pen, uma vez que ambas as partes partilham uma visão comum de uma UE composta por Estados-nação e um desejo de reformar o sistema actual.

A decisão final cabe ao primeiro-ministro italiano, Giorgia Meloni, que lidera a Fratelli d’Italia (FdI), uma força importante dentro do ECR. Meloni está preso entre fortalecer os laços com o PPE de centro-direita e ao mesmo tempo manter relações com o conservador nacional Fidesz e a Lega (ID) de extrema direita. Este ato de equilíbrio cria uma dinâmica complexa na definição do futuro do Parlamento Europeu.

Apesar destes desafios, Nicola Procaccini, co-presidente do ECR e membro da FdI, acredita que a colaboração com o PPE de centro-direita e as forças liberais é possível, sugerindo que uma abordagem mais moderada poderia ajudar a enfrentar estas complexidades.

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