A decisão de quinta-feira anulou a condenação de Harvey Weinstein por estupro em Nova York.

Nova Iorque:

A decisão de quinta-feira que anulou a condenação de Harvey Weinstein por violação em Nova Iorque dá ao ex-magnata do cinema a oportunidade de um novo julgamento e põe em causa que provas os promotores podem usar em futuros casos de crimes sexuais.

Aqui está uma olhada no que aconteceu com o caso, que ajudou a definir o movimento #MeToo, e o que pode acontecer a seguir.

POR QUE A CONVICÇÃO DE WEINSTEIN FOI ANULADA?

Weinstein, de 72 anos, foi considerado culpado de estuprar uma mulher e agredir sexualmente outra depois que ambos testemunharam em tribunal.

Mas uma maioria de 4-3 do Tribunal de Apelações de Nova Iorque, o mais alto tribunal do estado, concluiu que o juiz de primeira instância não deveria ter permitido que outras três mulheres testemunhassem que Weinstein as tinha agredido também porque as suas alegações não faziam parte das acusações criminais. contra ele.

Esse tipo de testemunho sobre “atos ruins anteriores” geralmente é proibido pela chamada regra Molineux de Nova York, batizada em homenagem a um processo judicial histórico de 1901. A maioria do tribunal concluiu que o depoimento das três mulheres contrariava a regra e tornava o julgamento injusto.

POR QUE AS OUTRAS MULHERES FORAM PERMITIDAS TESTEMUNHAR EM PRIMEIRO LUGAR?

A regra de Molineux não é absoluta. Afirma que os procuradores não podem utilizar tais depoimentos para provar que o arguido tem uma “propensão” para cometer crimes, mas podem utilizá-los como prova de motivo ou intenção.

No caso de Weinstein, os promotores persuadiram o juiz de primeira instância de que as supostas agressões sexuais anteriores do produtor mostravam que ele sabia que seus acusadores não consentiam com seus avanços, mas que ele pretendia forçá-los a fazer sexo de qualquer maneira.

Os promotores acreditavam que as evidências ajudariam a refutar a afirmação de Weinstein de que os encontros foram consensuais.

O Tribunal de Recurso, no entanto, concluiu que o depoimento era simplesmente uma prova de que ele tinha propensão para cometer violação e agressão sexual, e não o seu motivo ou intenção.

O QUE A DECISÃO SIGNIFICA PARA O CASO DE WEINSTEIN NA CALIFÓRNIA?

Weinstein foi condenado a 16 anos de prisão na sequência de uma condenação separada por violação na Califórnia em 2022, da qual se espera que recorra, e a decisão de Nova Iorque não tem efeito direto nesse caso.

Na verdade, a lei da Califórnia permite especificamente o testemunho sobre maus actos anteriores em casos de crimes sexuais como prova de que um arguido tem propensão para cometer crimes sexuais. Essas provas foram utilizadas no julgamento de Weinstein na Califórnia, e a lei estadual tornará mais difícil para os seus advogados contestarem em recurso do que em Nova Iorque.

O QUE A DECISÃO SIGNIFICA PARA CASOS FUTUROS EM NOVA IORQUE?

Segundo a maioria do tribunal, muito pouco. A juíza Jenny Rivera escreveu na opinião da maioria que a decisão foi baseada em uma lei bem estabelecida de Nova York e disse que era semelhante a outra decisão do Tribunal de Apelações de 1996, People v. Vargas, anulando uma condenação por estupro porque as testemunhas foram autorizadas a testemunhar sobre alegados estupros anteriores cometidos pelo réu.

Juízes dissidentes na decisão de quinta-feira disseram que a decisão tornaria mais difícil processar crimes sexuais cometidos por pessoas que conhecem as suas vítimas e podem ter relações contínuas com elas, como no caso de Weinstein.

O juiz Anthony Cannataro, que estava entre os dissidentes, chamou isso de “um infeliz retrocesso em relação aos recentes avanços na nossa compreensão de como os crimes sexuais são perpetrados”.

Outra juíza dissidente, Madeline Singas, disse que a decisão acabaria efectivamente com a utilização de testemunhas de maus actos anteriores em tais casos e tornaria difícil provar a intenção.

(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)

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