Tradicionalmente, o Governo não fala no Parlamento na sessão solene do 25 de Abril, que tantas vezes já foi ocasião de críticas e avisos pela oposição e até pelos presidentes da República. Mas, nos últimos anos, o primeiro-ministro reagia depois, quando durante a tarde abria os jardins da residência oficial e a comunicação social ia lá fazer perguntas.

Este ano, o jardim abriu, houve festa e povo na residência oficial, o primeiro-ministro até teve um almoço com jovens e conviveu no jardim, mas não houve sequer ocasião para perguntas. Luís Montenegro saiu do almoço com 50 jovens que convidou a vir à residência oficial em São Bento a garantir que dará sinais de que “a madrugada libertadora produziu efeito”. Ou seja, e tal como tinha feito a deputada do PSD que interveio na Assembleia da República neste 25 de Abril, que a data da Revolução dos Cravos será também de futuro.

“O que partilhei aqui”, disse o primeiro-ministro, “é a responsabilidade que lhes fiz sentir de construirmos em conjunto o Portugal de amanhã novamente”. E que, “mais do que contemplar os 50 anos que passaram” desde a revolução, “estamos concentrados nos anos que vêm aí”.

Num curto discurso à saída do encontro, onde esteve acompanhado pela ministra com a pasta da Juventude, a também sub-35 Margarida Balseiro Lopes, Montenegro centrou-se na questão da emigração. “Precisamos de travar a fuga da nossa massa humana para o estrangeiro”, apontou o primeiro-ministro, mesmo sabendo que “alguns” sairão sempre do país. “Mas a grande maioria vai por falta de alternativa cá dentro”, disse. E é isso que pretende mudar.

Sem querer “maçar” os convidados com propostas políticas, o primeiro-ministro ainda recuperou algumas bandeiras eleitorais, caso da descida de impostos para quem tem até 35 anos, as isenções fiscais à compra de primeira casa e a gratuitidade das creches e pré-escolar. “Se quebrarmos este ciclo negativo”, disse, na única nota dirigida ao PS, é possível “travar” a emigração.

Com o primeiro-ministro almoçaram 50 jovens de várias áreas, como o Expresso noticiou no início da semana, do desporto à ciência e à academia. E também alguns integrantes do que Montenegro costuma chamar a “bolha político-mediática”, casos dos comentadores Maria Castelo Branco (da SIC Notícias) e Gaspar Macedo (da CNN).

Montenegro quis fazer a declaração sem direito a perguntas ainda com os jovens à sua volta. Mas, pouco depois, a comunicação social foi avisada de que não haveria mais declarações. Montenegro evitou. assim, como tem acontecido em várias ocasiões, ser questionado sobre assuntos de atualidade, como as declarações do Presidente da República sobre o primeiro-ministro, sobre a procuradora-geral da República ou sobre o pagamento de reparações pela escravatura e pelo colonialismo.

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