Pouco passava da meia-noite e vinte quando um grupo de seis ou sete pessoas, armadas com os respetivos jaquetas de batalha (casacos de ganga onde se bordam manchas dos mais variados artistas) e/ou t-shirts de uma qualquer banda do subterrâneo punk ou metal, irrompe num cantarolar de ‘Grândola, Vila Morena’, uma das senhas com que se fez a Revolução de Abril. O demais público ora sorriu, ora ignorou, mas deixou-os, pacificamente, celebrar uma conquista que foi de todos – e sem a qual, num país banhado a catolicismo, não existiria o acesso fácil a música, satânica e violenta, que constitui boa parte dos gostos de quem vem anualmente a Barroselas para testemunhar, não um culto, mas uma forma de vida situada nas margens da normalidade.

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