Motivos parecidos fazem profissionais abrirem mão do cobiçado crachá para se reinventar
Ser contratado pela Globo é o objetivo da maioria dos jornalistas interessados em TV. Mas cresce a frequência de repórteres que decidem deixar o canal após viver a experiência por um tempo.
No dia 25 de abril, Willian Kury anunciou no Facebook o desligamento voluntário da emissora onde trabalhou por quase 5 anos. Além de repórter, foi apresentador plantonista de telejornais da GloboNews.
“Mais uma vez, felizmente, a direção da minha vida foi conduzida por mim”, escreveu. “Foi um ótimo período. Mas eu também já sabia que tinha que por um ponto final. Por mim. Por respeito a mim.”
A mensagem sinaliza que Kury não se sentia devidamente reconhecido. Competente e carismático, ele apresentava qualificações para ser efetivado como âncora.
No entanto, quem está do lado de cá do vídeo não sabe o que acontece nos bastidores da TV, onde fatores subjetivos – tais como amizade, vaidade e inveja – podem determinar a ascensão, a estagnação ou o boicote de um profissional.
Em fevereiro, outro jornalista da Globo provocou surpresa ao se demitir. Caio Maciel trabalhou seis anos no canal. Seu bom desempenho o levou a apresentar o ‘Globo Esporte’, participar do ‘Jornal Hoje’ e do ’Jornal Nacional’.
“A decisão de sair apertou meu coração. Me consumiu. Me fragmentou em tantas partes que tive que juntar tudo depois. Quando a gente sai de casa, machuca”, explicou em um post. “Mas, Caio, não era seu sonho? Sim! E você realizou tudo? Não. Na verdade, realizei muito mais do que poderia imaginar.”
Caio revelou o motivo de deixar a companhia de mídia mais influente do país. “Depois de 15 anos como repórter, apurando, cuidando, minuciosamente escrevendo e contando histórias de outras pessoas, chegou a hora de eu cuidar um pouco mais da minha.”
Agora, o jornalista está atrás das câmeras: integra a equipe de marketing do Grupo EP, dono da EPTV, uma das principais afiliadas da Globo no interior paulista. “Tô saindo das telinhas, mas sigo com objetivo de viabilizar cada vez mais um conteúdo de qualidade.”
Movimento semelhante fez o repórter Rafael Ihara em dezembro de 2023. Desistiu da Globo depois de seis anos na reportagem. “Não via mais futuro ali”, argumentou.
O jornalista se cansou da rotina estressante de gravações nas ruas, da pressão nas entradas ao vivo, dos longos plantões. A vida de um repórter de televisão não possui o glamour que o público imagina. Ihara passou a trabalhar em uma empresa de comunicação corporativa.
