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"É uma vergonha ainda não termos boas interligações energéticas entre o sul e o norte da Europa"diz CEO da EDP

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“É uma vergonha ainda não termos boas interligações sul-norte, e que tenha sido mais fácil construir um gasoduto entre a Rússia e a Alemanha do que entre dois países europeus, Espanha e França”, afirmou o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, em entrevista ao jornal “El Mundo”.

Na entrevista, publicada este domingo, o gestor comenta que este “não é um tema técnico, é político” e defende que resolvê-lo deve ser “uma prioridade absoluta”.

“A Europa é mais forte quando está unida. Fala-se de uma União Europeia energética, mas se não conseguirmos construir as interligações, então a Europa não aproveitará a sua escala e a sua força para ser mais resiliente a longo prazo”, comentou o gestor.

“Espanha e Portugal podem desempenhar um papel muito relevante, mas para isso necessitamos de interligações com França e o resto da Europa”, observou.

Na entrevista, o presidente executivo da EDP notou que “a energia barata nunca deveria ser um problema” e defende que a Península Ibérica pode aproveitar ter acesso a “energia muito barata”. “Espanha e Portugal devem pensar em como aproveitar este recurso para se reindustrializar”, referiu Miguel Stilwell de Andrade.

No primeiro trimestre, aliás, Portugal destacou-se por ter registado o mais baixo preço grossista de eletricidade a nível europeu, conforme o Expresso revelou no início de abril. Em abril a tendência continuou e o mercado ibérico teve o seu mês mais barato de sempre.

Em muitos dias tem havido preços grossistas próximo do zero (isso foi especialmente visível em março e abril, com o corrente mês de maio a trazer preços mais altos), o que penaliza os produtores de eletricidade que vendem no mercado e que não estão cobertos por tarifas garantidas de venda da sua energia à rede.

Na entrevista ao “El Mundo”, Miguel Stilwell de Andrade alerta que “com estes preços ninguém vai fazer investimentos em renováveis”.

O reforço de interligações energéticas entre a Península Ibérica e o resto da Europa é discutido há anos. Mas o tema não é consensual. Embora a maior interligação, criando uma “União da energia”, permita criar um mercado mais amplo e mais concorrencial, tem havido vozes que questionam o interesse de Portugal e Espanha terem maior conectividade com França agora que começam a beneficiar de acesso a volumes mais consideráveis de eletricidade barata.

O argumento é que o acesso a essa energia de custo mais competitivo (como a proveniente da vaga de centrais fotovoltaicas que estão a ser desenvolvidas) poderá ser aproveitado pelas indústrias em Portugal e Espanha, em vez de a Península Ibérica dar prioridade ao reforço das ligações para exportar eletricidade para o centro e norte da Europa.

Ao longo dos anos França vem manifestando desinteresse no reforço das interligações, quer de eletricidade, quer de gás natural, com Espanha, salvaguardando o seu próprio mercado, muito ancorado na energia nuclear.

Tanto em Portugal como em Espanha tem havido um interesse crescente de várias indústrias para aproveitar o acesso a eletricidade a preços competitivos. Na entrevista ao “El Mundo”, Miguel Stilwell de Andrade lembrou os centros de dados e o facto de “o ecossistema da inteligência artificial consumir muitíssima energia”, mas realça também a siderurgia (e a sua necessidade de descarbonização). “Devemos decidir qual o papel que a Península quer desempenhar”, observou.

Nos últimos dias a Amazon Web Services anunciou um investimento de 15,7 mil milhões de euros em Espanha, que criará 6800 empregos.

Em Portugal o mais ambicioso projeto de centros de dados é o da Start Campus, em Sines, com um investimento estimado de 3,5 mil milhões de euros, num município para o qual estão planeados outros investimentos de larga escala de indústrias eletrointensivas, ligadas ao hidrogénio verde e ao aço verde, entre outras áreas.

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