Com sete ou oito anos, José Paulo Fafe (JPF) recorda-se de ir no banco de trás do carro do pai, o embaixador José Fernandes Fafe, nas curvas da Marginal de Cascais. No automóvel ia também Hermínio da Palma Inácio, o revolucionário da L.U.A.R., um dos homens mais vigiados no Estado Novo, que ficou célebre por protagonizar o desvio de um avião da TAP para lançar cem mil panfletos sobre Lisboa, Barreiro, Setúbal e Faro, apelando à revolta popular contra a ditadura. Com Palma Inácio estava também Camilo Mortágua, pai das gémeas Joana e Mariana, que hoje no Bloco de Esquerda, questionam (JPF) sobre os negócios da Global Media.

Há 55 anos, apesar dos pedidos de Mário Soares, então na oposição e candidato à Assembleia Nacional, ninguém quisera receber Palma Inácio, depois deste ter fugido à delegação da PIDE no Porto e rumado a Lisboa. Coube apenas à família Fafe dar-lhe abrigo. “Zé Paulo”, nunca saiu daquela curva na marginal: continua em fugas para a frente, a dar a volta aos projetos em que se mete, mesmo quando o desastre é anunciado.

Mas desta vez, à frente da Global Media – que detém títulos históricos e emblemáticos como o “Diário de Notícias”, o “Jornal de Notícias”, “Açoriano Oriental” ou a TSF -, até os amigos estão preocupados. Aos 62 anos, Fafe transformou-se no executor de despedimentos de colegas, no rosto do falhanço da comunicação social perante acionistas empenhados em levar adiante aquilo que várias vozes temem poder ser um negócio meramente financeiro ou um projeto de poder, capaz de vergar os princípios da profissão perante interesses pouco claros. E a principal crítica aponta mesmo a Fafe, que se recusa reiteradamente a divulgar quem está por trás do negócio da GMG.

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