Há coisa de uns 20 anos, Cleia Almeida assistiu em Londres a uma encenação de Uma Vida no Teatrode David Mamet. E sentiu um certo desconforto perante um olhar que colocava o texto do dramaturgo “num patamar muito comercial e muito cómico”, conforme recorda ao PÚBLICO. À sua volta, havia muitas gargalhadas, enquanto a jovem actriz se sentia mais ligada a “uma camada mais profunda e dramática” do que aquela que lhe era dada a ver. E foi então que pensou, ela que se diz actriz de corpo inteiro e sem qualquer ambição de vir a ser encenadora ou realizadora: se um dia viesse a encenar, havia de ser aquela peça, porque enquanto a via em palco, naquela ocasião, a sua cabeça estava sempre a imaginar como seria se tudo estivesse de acordo com aquilo que o texto despertava em si.

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