É admirável, não há melhor palavra, o empenho do octogenário Marco Bellocchio no encargo que, quase solitariamente (não parece haver outro em Itália a fazê-lo com a mesma consistência), tem assumido nestas últimas décadas: ir de frente à história italiana e aos seus fantasmas. O empenho, e já agora, o ritmo, se pensarmos que O Rapto aparece pouco tempo depois de Exterior, Noitea sua magistral pintura mural do rapto de Aldo Moro em 1978. Novidade, em O Raptoserão a época e o contexto históricos escolhidos por um cineasta que tem trabalhado sobretudo o século XX italiano: mergulhamos nos meados do século XIX, em pleno ressurgimentonas vésperas da unificação italiana, da extinção dos Estados Papais e consequente remoção de grande parte dos privilégios políticos territoriais do Vaticano.

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