Matilde Fieschi

Nasceu em 1982, em Lisboa, mas passou grande parte da infância em Santarém. Foi lá que estudou, na escola pública, e tem muito boas memórias desses tempos, principalmente dos professores de português. “Andei sempre na escola pública e tive professores muito bons. E melhor ainda era a capacidade que tinham para meter miúdos de 14 anos na ordem”, conta.

O gosto pela leitura vem de criança. Regressou a Lisboa na altura da faculdade e a escolha do curso foi “óbvia”. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e fez Erasmus, no último ano, em Milão.

Matilde Fieschi

“Todas as áreas são pequenas e a Literatura ainda mais”, lamenta. Não foi fácil encontrar trabalho em Portugal, até que decidiu mudar-se para Madrid. Sempre gostou de televisão, mas foi “por acaso” que acabou a trabalhar no canal FOX.

Ainda não sabe se é possível viver da escrita – talvez só para alguns – mas não desiste. Já de regresso a Portugal, mas por pouco tempo, foi copywriter na MTV e no Nickelodeon.

Em 2010 atravessou o Atlântico à boleia da música carioca e da curiosidade e foi viver para o Rio de Janeiro. Mais do que na praia, era nas livrarias e alfarrabistas que passava grande parte dos dias.

Matilde Fieschi

Começou a escrever poemas para a Globo e em 2014 lançou o primeiro livro, Jóquei, na Tinta-da-China. “Um sucesso” que não esperava e que “só foi bom nos primeiros 15 dias”.

Hoje não tem redes sociais e raramente dá entrevistas ou fala sobre si. Gosta de estar no seu canto a ler e a escrever. Não gosta de fazer parte do “pacote” que acredita que é preciso ter quando se é um escritor com visibilidade.

“Quando fazes qualquer coisa minimamente pública, seja na literatura, seja na política, e que envolve um público maior, é quase uma obrigação ser um pacote por inteiro. Tens de aparecer, ter redes sociais”, explica.

Trouxe para este podcast uma cassete para lembrar os tempos em que havia “um tempo”. “Hoje as coisas não têm um momento”, continua.

Nuno Raposa

Matilde Fieschi

Esta é uma conversa sobre literatura, escrita, a “fama” e o outro lado do sucesso. Sobre os silêncios – que “já só acontecem quando cada um está agarrado ao seu telemóvel” – e sobre a era da “desmaterialização total das coisas”.

“É fácil trazer um objeto da minha infância, dos anos 80, mas não será tão fácil escolher um objeto do hoje”.

A escritora Matilde Campilho é a nova convidada de Francisco Pedro Balsemão no podcast do Geração 80. Ouça aqui a entrevista.

Matilde Fieschi

Matilde Fieschi

A Beleza das Pequenas Coisas

Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.

Retratos de abril

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