Israel garante que não enterrou qualquer pessoa durante as suas operações militares em hospitais de Gaza, numa altura em que valas comuns com centenas de pessoas continuam a ser encontradas junto aos locais até há poucas semanas ocupados por Telavive.

“As alegações de que as Forças de Defesa de Israel (FDI) enterraram corpos de palestinianos são completamente infundadas”, afirmou o exército israelita em comunicado.

Segundo Telavive, as suas tropas apenas examinaram restos mortais de corpos enterrados por palestinianos durante o período em que estiveram no complexo médico de Nasser, na cidade de Khan Yunis – e sempre “como parte dos esforços para localizar os reféns”, notam, citados pelo “The Times of Israel”.

Esta semana, as autoridades de Gaza anunciaram a retirada de mais de 280 corpos de uma vala comum encontrada junto ao hospital localizado no sul do enclave, acusando as tropas israelitas de “esconder deliberadamente os corpos”.

Volker Turk, comissário da ONU dos Direitos Humanos

Fabrice Coffrini/AFP via Getty Images

Guerra no Médio Oriente

De acordo com o Exército israelita, estas exumações foram “seletivas” e só foram realizadas quando houve informações concretas que indicavam que um dos reféns capturados pelo Hamas no início de outubro poderia estar enterrado na área.

“Os exames foram realizados de forma ordenada, mantendo a dignidade dos mortos e de forma respeitosa”, afirmou Telavive, destacando que todos os corpos foram devolvidos ao seu local “de forma ordenada e adequada”.

As autoridades de Gaza estimam que cerca de 2000 pessoas estão desaparecidas na sequência do ataque israelita à unidade hospitalar. “Não se sabe se foram detidos ou se morreram e se os corpos foram escondidos”, diz o governo controlado pelo Hamas.

Além destas valas comuns, outras já foram encontradas junto ao hospital Al-Shifa, que foi cercado e bombardeado por Israel. Antes da guerra, era o complexo médico mais avançado em todo o enclave palestiniano.

Guerra no Médio Oriente

Guerra provoca tensão em universidades norte-americanas

Mais de 130 pessoas foram detidas durante a noite de segunda-feira em frente às instalações da Universidade de Nova Iorque, após manifestações estudantis pró-palestinianas. A polícia foi chamada pela administração da universidade para retirar os manifestantes, tendo as 133 pessoas sido já libertadas.

Os últimos desenvolvimentos da guerra no Médio Oriente, incluindo a entrada direta do Irão no conflito, fez aumentar a tensão em várias universidades norte-americanas, com estudantes a organizar várias manifestações e ações de protesto para exigir o fim do conflito no enclave palestiniano.

Na semana passada, cerca de uma centena de estudantes pró-palestinianos já tinham sido detidos na Universidade de Columbia, também em Nova Iorque, depois da direção do estabelecimento de ensino ter pedido igualmente a intervenção da polícia.

Anadolu

Várias personalidades, incluindo congressistas norte-americanos, acusaram estas manifestações pró-palestinianas de alimentar o antissemitismo no país – o que preocupou a Casa Branca.

“Nos últimos dias, testemunhamos assédio e apelos à violência contra os judeus”, disse o Presidente norte-americano, Joe Biden, num comunicado divulgado no domingo, na véspera da Páscoa judaica.

“Este antissemitismo flagrante é repreensível e perigoso, e não tem absolutamente nenhum lugar nas universidades, ou em qualquer lugar do nosso país”, frisou o governante na mesma nota.

Nos próximos dias, um grupo de trabalho composto por reitores, administradores escolares e professores tentará encontrar uma solução para a crise universitária, não sendo ainda possível garantir quando é que as aulas presenciais serão retomadas.

Leah (ao centro), acompanhada pelo filho Tzur e pelo marido Simha, numa ação de sensibilização, em Kfar Saba. Nas ‘t-shirts’, fotos de Hadar e Oron

JACK GUEZ/AFP/Getty Images

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Outras notícias

> A agência das Nações Unidas responsável pelos refugiados na Faixa de Gaza (UNRWA) está a atravessar uma “crise sem precedentes”, lamentou hoje o seu chefe máximo da organização, Philippe Lazzarini, criticando a campanha de desinformação de Israel contra os funcionários palestinianos da UNRWA.

> A organização de direitos humanos Euro-Med alerta que está iminente um “novo massacre” israelita na região de Beit Lahia, no norte de Gaza, após as forças de Telavive terem dado ordem de retirada à população local. Mais de 50 mil palestinianos vivem em Beit Lahia.

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