Matilde Fieschi

Mais do que fuga de talentos portugueses, Mafalda Rebordão fala de uma excessiva circulação de cérebros: “Somos o país da Europa onde mais jovens saem do país e o oitavo em todo o mundo”. De acordo com os números apresentados pela convidada, 200 jovens partem diariamente do nosso país à procura de uma carreira mais promissora. Um fenómeno que acontece também noutros países.

Para a presidente do C Level Mentorship Academy, a primeira academia de mentoria para encontrar e desenvolver as futuras líderes do país, Portugal tem a geração mais preparada de sempre, mas também a mais frustrada. Defende que a facilidade em circular na Europa a preços mais acessíveis é um fator determinante para esta mobilidade, no entanto o que mais a preocupa é o regresso a Portugal: “O maior problema é não encontrar as condições para voltar”.

Para a gestora de parcerias estratégicas da Google, há um certo preconceito com as novas gerações. Talvez porque não as entendem: “Têm uma visão do mercado de trabalho completamente distinta. Hoje colocam a vida em primeiro lugar. Querem ter tempo para fazer outro tipo de coisas”. Para Mafalda Rebordão, as pessoas vão mudar cada vez mais entre empregos e a maioria terá vários trabalhos ao mesmo tempo, não ficará a tempo inteiro apenas numa empresa. Aliás, uma tendência que já acontece nos Estados Unidos e que representa cerca de 40% dos novos negócios criados naquele país.

Matilde Fieschi

Nuno Raposa

Quanto à inteligência artificial (IA), diz que é como o vento: “podemos colocar as mãos, mas vai continuar a passar”. “Temos de perceber como poderemos viver o melhor possível [com ela]”, sublinha. Na sua opinião, isso passará por investir na privacidade e criar inovação com regulação.

40% dos atuais problemas climáticos serão resolvidos por IA, refere, com base num relatório publicado pelo World Economic Forum. Aponta ainda que a tecnologia terá a capacidade “de recolher uma enorme quantidade de dados e analisá-los”, mas acredita que “o pensamento crítico será sempre feito pelos humanos”.

A especialista em IA explica ainda que este é um setor que implica elevados investimentos, devido à necessidade de investigação e alocação de recursos, mas que a Europa continua muito atrasada nesta área. Quanto ao facto de vários empregos poderem estar em risco, Mafalda Rebordão defende que, simultaneamente, outras oportunidades surgirão.

Mário Henriques

Gravação ao vivo do episódio especial do podcast “Que Voz é Esta?”, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

Matilde Fieschi

Que voz é esta?

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