Uma boa hipótese para chegar a Quioto é utilizando o comboio bala, a partir de Tóquio. A viagem é relativamente rápida e extremamente confortável, além de proporcionar uma experiência inexistente em Portugal, atingindo velocidades muito elevadas, num máximo de conforto. O bilhete não é barato, mas pode-se comprar, em Portugal, um Japan Rail Pass, que, por duzentos euros, dá acesso a viagens no comboio bala, por todo o Japão. Justifica-se se for muito utilizado.

Quioto talvez seja a cidade mais fascinante de todo o Japão, pois foi a capital do país durante cerca de mil anos, desde o século IX até 1868, data em que a capital foi transferida para Tóquio. Acresce o facto de ter sido das raras cidades que não foi intensamente bombardeada e destruída pelos americanos, no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Assim, é uma cidade histórica, repleta de locais, jardins, parques, edifícios, templos, santuários, verdadeiramente fascinantes, maravilhosos e monumentais. Uma cidade Zen, repleta de ambiências xintoístas e budistas, onde mergulhamos no Japão tradicional e onde quase se vislumbram os antigos deuses que habitam no meio da Natureza, de acordo com as crenças da religião original do Japão, o xintoísmo. Nesta cidade existem alguns dos jardins mais bonitos do mundo.

Em Quioto, existem cerca de mil templos e santuários, que coexistem com 17 locais considerados Património da Humanidade. É impossível visitar tudo, sendo necessário tentar seleccionar alguns dos sítios mais emblemáticos, tarefa ciclópica, dada a diversidade e a quantidade de locais imperdíveis.

O budismo chegou ao Japão no século VI, vindo da China, que, por sua vez, o recebeu da Índia. A seita budista Zen, baseada na meditação, entrou no Japão no século XIV, tendo exercido grande influência até à actualidade. Há quem considere que se trata de uma religião, enquanto outros consideram que é uma filosofia. Muitos dos templos Zen são centros de aprendizagens espirituais, onde também se desenvolve a arte da caligrafia e da cerimónia do chá.




Pedro Mota Curto

O viajante europeu poderá ter, eventualmente, dificuldades em distinguir templos Zen, dos budistas e dos xintoístas.

Recomendar quais os locais a visitar em Quioto é tarefa complexa, no entanto o templo Zen, Kennin-Ji, com origem no ano 1202, possui um deslumbrante jardim de pedra, dedicado à contemplação. O templo dourado, Kinkaku-Ji, em parte igualmente Zen, edificado no século XIV, decorado com folhas de ouro, insere-se num jardim monumental, sendo um dos mais visitados. O templo do dragão pacífico, Ryoan-Ji, possui igualmente um extraordinário jardim Zen.

A não perder, absolutamente, é o santuário Fushimi Inari Shrine, que remonta ao século IX. Centenas de toriivermelhos, dedicados aos deuses que por aqui residem, num percurso que se cumpre em cerca de duas horas, subindo e descendo o monte Inari. Trata-se de uma construção única em todo o Japão.

A floresta de bambu, a visita ao bairro de Gion, ao bairro das gueixa (em Quioto, denominadas Geiko), os restaurantes, a gastronomia, os museus, as zonas mais urbanas e modernas, os gelados de Matcha (chá verde em pó)… Quioto, tal como o Japão, é um mundo de descobertas deslumbrantes.

A cidade de Nara fica a uma curta distância de comboio e deve ser igualmente visitada.

Pedro Mota Curto

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